terça-feira, 14 de abril de 2009

Pisada na bola

Pisada na bola
por HERÓDOTO BARBEIRO
Jornalista âncora da Rádio CBN e da TV Cultura
Articulista em jornais, revistas e "internet"
Livros na área de treinamento para empresas, jornalismo, história e religião

"O professor e ex-reitor da Universidade de Brasília, senador Cristóvão Buarque, é uma das reservas éticas do senado. Tem agido de forma coerente e tem inúmeras vezes criticado ações que visam desgastar a imagem do parlamento. É um democrata, um homem que combateu a ditadura e me disse em uma entrevista que, quando optou pela candidatura ao senado temia sujar o terno de sangue, mas sujou de barro. De fato ele tem razão uma vez que uma pesquisa da UNB deu um por cento de credibilidade para o senado e parte da opinião pública tomou conhecimento do mar de lama que inunda aquela casa. Em uma explosão de indignação o senador Buarque disse que do jeito que as coisas vão seria melhor submeter ao povo um plebiscito que perguntaria se seria ou não conveniente fechar o Congresso e que se o povo decidisse isto não se caracterizaria por um golpe de estado. Ora o que disse o político foi um desabafo e ele sabe bem que a manutenção da divisão dos poderes da república é uma cláusula pétrea da constituição e por isso não pode ser mudada, ou seja, bom ou mau, eficiente ou não, pendurado nas verbas das empreiteiras ou não, forjando notas para explicar os gastos pessoais ou não, o parlamento é essencial para a democracia brasileira em construção. Por isso não há perigo de fechamento do Congresso, entidade fundamental para a manutenção do sistema democrático brasileiro.

Qualquer pessoa que acompanha o noticiário se vê coberta de uma avalanche de más noticias oriundas dos poderes públicos. Vale para o executivo federal e vale também para a Assembléia Legislativa paulista. Em plena crise econômica os parlamentares ou vivem em um mundo imaginário ou não tem qualquer sensibilidade em criar mordomias para ex dirigentes da mesa, aprovar uma lei que vai criar mais 8 mil cargos de vereadores sem cortar despesas. Continuam vivendo na ilha da fantasia como se não tivessem que dar a menor contribuição para diminuir os gastos públicos. Os prefeitos vão à Brasília de pires na mão pedir ajuda ao governo federal, mas não economizam em contratações e mordomias. Por que os vereadores não trabalham voluntariamente, abrem mão de carro, motorista, uma penca de assessores maçanetas, verbas de gabinete, etc? Porque para eles não há crise. O senado tem diretores até para despachar malas no aeroporto e tudo continua como se a crise fosse mesmo uma marolinha. O que você diria para sua filha se ela viajasse para o México e gastasse 14 mil reais de celular? Nada certamente se a conta fosse paga pelo contribuinte como em um recente caso de um senador, que justificou que era apenas cuidado de pai…

O senador Cristóvão pisou na bola, mas quem não pisou? A folha de serviços dele prestados à nação é extensa, sua coragem admirável ao ser candidato a presidência da república e defender como plataforma principal a educação. Salvo engano, é dele também o projeto que obriga todos os ocupantes de cargos públicos a colocarem os filhos em escolas públicas!! Gostaria que o projeto também estabelecesse que todos eles também tivessem um plano de saúde que desse acesso apenas ao SUS. Já pensou? Será que isso faria o serviço público melhorar? O Congresso está aí, tem mandato, e para a sobrevivência da democracia precisa funcionar sem nenhum obstáculo. Isto não quer dizer que o cidadão deve deixar de fiscalizar, a mídia de divulgar as maracutaias e os senadores de terem uma reação humana de pisada na bola. Mande e-mails para www.senado.gov.br , www.camara.gov.br ou www.al.sp.gov.br."

Fonte: http://colunas.cbn.globoradio.globo.com/blogdobarbeiro/2009/04/

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